sexta-feira, 1 de abril de 2011

Notícias: Agroecologia preserva mananciais

Os cerca de 400 agricultores da capital paulista terão de adotar práticas conservacionistas

Uma revolução silenciosa começa a tomar corpo na região de mananciais do município de São Paulo, no extremo da zona sul. Esta revolução passa necessariamente pela agricultura e pode se tornar uma alternativa efetiva para preservar o meio ambiente e a água consumida pelos 19 milhões de habitantes da Grande São Paulo.
Filipe Araújo/AE
Filipe Araújo/AE
Produtores da capital, como Batista, que quer produzir cachaça orgânica, assinaram o Protocolo
Números surpreendentes se escondem nas fronteiras do município, não só na zona sul, mas também nas zonas norte e leste, onde se abrigam, no total, 402 agricultores cadastrados. A área agricultável da megalópole paulistana representa 15% da superfície do município, de 1,5 milhão de quilômetros quadrados. Em plena capital se produzem hortaliças, plantas ornamentais e grãos. É na área de mananciais, as Represas Billings e Guarapiranga, que está a maioria desses agricultores: 311. O restante mantém lavouras na zona leste, com 50 agricultores, e zona norte, com 41.
O "nome" da revolução é agroecologia. E o sobrenome é "Protocolo de Boas Práticas Agroambientais". Até agora poucos, porém empolgados, 34 produtores da região de mananciais assinaram o protocolo, proposto em setembro de 2010 pelo governo estadual e pela prefeitura. Eles devem servir de exemplo para alguns ressabiados agricultores da região, que aguardam por resultados positivos antes de aderir.
Conservacionismo. A assinatura significa que esses agricultores se comprometem a adotar práticas agrícolas sustentáveis, entre elas abolir o uso de agrotóxicos e adubos químicos e preservar mata nativa, nascentes, prevenir erosão e manter o solo permeável, desistindo, por exemplo, do uso da plasticultura (estufas). A região é pródiga em hidroponia, técnica de cultivo que utiliza adubo químico solúvel em água e o plástico nas estufas. O prazo estipulado pelo protocolo para a conversão para a agroecologia é 2014.
"A ideia é transformar essas áreas, a médio prazo, em polos produtores de agricultura orgânica, além de garantir meios justos de comercialização e escoamento da produção", ressalta a diretora do Departamento de Agricultura e Abastecimento da Secretaria de Abastecimento do Município de São Paulo, Nadiella Monteiro.
"Fixando-se na atividade, além de garantir uma forma ambiental e economicamente sustentável de vida, o agricultor não fica forçado a vender a terra, eliminando o risco de ela se transformar em loteamentos clandestinos, uma das principais ameaças à qualidade das águas que abastecem a capital", explica Nadiella.
Em troca à adesão ao protocolo, o município dá assistência técnica especializada, por intermédio das Casas de Agricultura Ecológica. São três: a Unidade Sul, a Unidade Leste e a Unidade Norte. Na Unidade Sul, a Casa de Agricultura Ecológica José Umberto Macedo Siqueira, em Parelheiros, há dois engenheiros agrônomos, um engenheiro ambiental e uma estagiária de agronomia.
Cachaça orgânica. "Eu nunca havia tido nenhum tipo de assistência por aqui", diz o produtor José Geraldo Batista, de 45 anos e agricultor desde os 7, quando ajudava o pai, em Minas Gerais. Nos 7 hectares que arrenda para plantar cana e uma ornamental chamada "buchinha", conta com a assessoria da Casa de Agricultura e acabou de formatar um projeto de 80 mil litros/ano de cachaça orgânica. "Só falta a Cetesb autorizar", comemora Batista, que, não fosse a assistência dos agrônomos, teria cometido o erro de construir o alambique a menos de 30 metros de um curso d"água. "Tive de parar a construção, após receber orientação."
A cana já viceja no campo e ele espera produzir as primeiras garrafas de cachaça orgânica "made in Guarapiranga" até o fim do ano. Enquanto isso, Batista tem renda vendendo a buchinha a atravessadores. "Leva dois anos para colher e eles me pagam só R$ 2 por unidade. É muito pouco", lamenta ele.
Outra empolgada agricultora é Valéria Maria Macoratti, que cultiva, em sociedade com Daniel Petrino dos Santos, 3 hectares de hortaliças. "Fiz uma aposta com Daniel, de que conseguiríamos produzir sem adubo químico e veneno", conta ela, que há um ano abandonou o cultivo convencional. "A produção vai muito bem." Além da assistência técnica, Valéria conseguiu vaga num curso de agricultura biodinâmica e está aprendendo a fazer bokashi, um adubo à base de farelo de trigo, farinha de osso, torta de mamona, vermiculita e micronutrientes. "Se comprasse pronto, pagaria mais. Vamos fazer no meu sítio e dividir custos e o adubo."
Mauri Joaquim da Silva, do Bairro Lagoa Grande, em Parelheiros, se considera um dos maiores incentivadores para que os produtores assinem o Protocolo. Ele já começou a adotar práticas conservacionistas em sua horta e torce para que os vizinhos, boa parte deles adeptos da hidroponia, se convençam e assinem também.
"Tive vários problemas, sobretudo com atravessadores, e estava falido", conta Silva, que tem 33 anos e retomou o ânimo com a agroecologia, após fazer um curso da ONG Cinco Elementos, que atua na região com recursos do Fundo Estadual de Meio Ambiente. Agora, em 40 mil metros quadrados, só utiliza práticas conservacionistas e estimula os companheiros a formar uma cooperativa. "Ela ajudará na certificação orgânica, mas principalmente na comercialização", acredita.

Por: Tânia Rabello, de O Estado de S.Paulo


DISCUSSÃO GaiaEcologia:

Após ler essa matéria, óbvio achei que seria uma notícia para nós interessados na AGROECOLOGIA. Porém, ao ler alguns comentários no Jornal on-line, fiquei perplexa com alguns comentários. Eu como profissional, formada em Agroecologia, venho pedir aos queridos amigos que acompanham nosso Blog, que deixem suas sugestões. Estou no aguardo viu!!!

Mais agora eu vou dar a minha simples sugestão!

Primeiramente, muitos falam que orgânicos tem problemas com Coliformes Fecais! Meus caros, isso é falta de higiene e com certeza de infra estrutura na propriedade. Não venham me dizer que eu como merda, porque é orgânico, que asneira! Outra coisa, conheço vários, produtores orgânicos que nunca tiverem problemas com coliformes fecais, mais porquê!? Porque eles possuem fossa, possuem higiene, zelo e cuidado no plantio! A agroecologia vem trazer isso prezados amigos, uma interação verdadeira entre o homem e a terra a qual ele produz. Outro pronto, a produção que o agricultor produz, também vai para a mesa dele, você acha que ele se encheria de coliformes!?

Vamos a outro porém, já é extremamente válido a idéia, só de se preservar as nascentes, mananciais, matas nativas! Que benção! Vamos ser sinceros, os produtores atuais, estão preocupados com isso! Estão preocupados com os litros e litros de agrotóxicos espalhados por nossas águas, nosso alimento, nosso corpo?
Dá mesma forma que ficamos doentes com os agrotóxicos, os animais que estão ali na mata nativa dos grandes produtores e pequenos também tá!!! Estão morrendo, estão sendo contaminados!
Será que ninguém pensa no futuro não? 

Agora sobre o gasto de água, me desculpem aqueles que produzem com hidroponia, mais a hidroponia que eu tive o prazer de conhecer no município de Astolfo Dutra/MG, só não gastava mais água, porque não tinha? 
Lógico que tem de saber fazer o manejo das águas, mais muitas vezes os funcionários não tem os olhos de dono, e muito mais do que 4 litros de água são gastos, fora que para se ter, a que bela alface, se vão algumas bombonas de produtos químicos!

Mais tudo isso vai, de quem produz, não estamos aqui para julgar ninguém! Quem somos nós. Apenas queremos o melhor para o nosso MEIO AMBIENTE, para nossa Mãe Natureza. E práticas como a do artigo acima, tem nosso apoio SIM! 

Abraços,

Lorena Freitas
Ambientalista formada em Agroecologia
Criadora do Blog GaiaEcologia 



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